Reprodução: UOL
Alexandre Sinato e Ricardo Perrone
O UOL Esporte teve acesso às atas das duas reuniões em que a diretoria do Corinthians apresentou o projeto do estádio de Itaquera ao seu Conselho de Orientação, o Cori. Os documentos revelam o passo a passo do plano corintiano. Sem filtros, as declarações de Luís Paulo Rosenberg desvendam a importância do então presidente Lula para o projeto, a real motivação da Odebrecht, segundo ele, e como o clube pretendia “enfiar” na Petrobras os custos da remoção dos famosos dutos.
O UOL Esporte teve acesso às atas das duas reuniões em que a diretoria do Corinthians apresentou o projeto do estádio de Itaquera ao seu Conselho de Orientação, o Cori. Os documentos revelam o passo a passo do plano corintiano. Sem filtros, as declarações de Luís Paulo Rosenberg desvendam a importância do então presidente Lula para o projeto, a real motivação da Odebrecht, segundo ele, e como o clube pretendia “enfiar” na Petrobras os custos da remoção dos famosos dutos.
Na noite de 9 de setembro do ano passado, o Cori se reuniu
para escolher qual seria o projeto abraçado. Rosenberg apresentou o plano
defendido pela diretoria: a arena de Itaquera. Logo explicou porque o clube
trocou o esboço de um estádio simples por um que pudesse abrigar jogos do
Mundial de 2014.
“Depois que o presidente [Lula] ensinou a gente, a gente até
quer um estádio de Copa. Só que nós não temos grana para bancar isso, nós não
vamos fazer gracinha com o dinheiro do Corinthians”, afirmou o dirigente na
ocasião, sem dar detalhes sobre o ensinamento presidencial. Questionado pela
reportagem sobre o que quis dizer ao falar da “aula” de Lula, Rosenberg
afirmou: “Nós pagamos nosso estádio, os demais beneficiários o levarão a
preencher os requisitos Fifa. Lembra, o estudo da Monitor que identificou um
ganho para a cidade de R$ 1 bilhão pela realização da abertura da Copa em São
Paulo?”.
Ou seja, Lula teria feito o Corinthians perceber que poderia
deixar a conta da ampliação do Itaquerão para a prefeitura e o governo estadual
em troca das receitas que receberiam com o jogo inaugural.
Rosenberg foi mais didático ao explicar como a Odebrecht
acabou seduzida a aceitar o modelo proposto pelo Corinthians, após várias
negativas: “...tenho que levar o piniquinho para o presidente [do clube] porque
o Andrés estava comandando a reunião. Nós chegamos à ruptura quando, de repente,
surgiu esse movimento, de que a única opção viável para a Copa seria o nosso
estádio. Aí a Odebrecht se curvou a todas as exigências porque disse: ´Tá bom,
eu vou fazer esse estádio no talo, mas vou fazer viaduto, vou fazer não sei o
que. Quando virar estádio de Copa tem mais dinheiro´”.
Sobre a remoção dos dutos da Petrobras, outro ponto
polêmico, Rosenberg disse que os gastos estavam embutidos no orçamento inicial
do estádio. E emendou: “Eu estou com R$ 10 milhões para fazer a obra, mas é
óbvio que vou tentar enfiar isso na Petrobras”. Questionado pela reportagem,
ele afirmou apenas que não está decidido quem bancará a operação. Hoje o custo
é de R$ 30 milhões e a Petrobras anunciou que não pagará.
Numa reunião anterior, no dia 27 de julho de 2010, também no
Cori, o cartola escolheu palavras fortes para convencer os conselheiros de que
o estádio seria rentável. “Tem uma taxa de retorno de cocaína e de
prostituição. Nada mais tem uma taxa de retorno de 40%”, declarou.
Ele adotou o mesmo estilo bombástico ao falar da exclusão do
estádio do São Paulo do Mundial. “O Morumbi é exatamente o que o presidente
[Andrés] diz... iriam dar mais um aplique. Não grudou”.
A metralhadora verbal de Rosenberg atingiu ainda os
dirigentes palmeirenses. “A jogada do Palmeiras
é muito absurda...ele está defendendo que a abertura e o fechamento
sejam no Rio e, depois, São Paulo fica a sede no estádio dele, se é que algum
dia a Wtorre vai construir...”
Minutos depois, o diretor declarou a independência do
Itaquerão ao falar que “não vamos pedir bênção para sacana nenhum, à exigência
da Fifa, nada, nada.”
Rosenberg também afirmou que não estava fazendo nenhuma
loucura de R$ 500 milhões, ao detalhar o orçamento do estádio. Só que hoje a
obra para a abertura da Copa é orçada em R$ 1 bilhão pela Odebrecht. O valor é
contestado pelo clube. “O estádio grandão pode esbarrar em R$ 700 milhões, mas
desde que haja apoio da cidade, através do incentivo à região. E ele foi criado
em 2004, muito antes de o estádio ser cogitado.”
Antes de qualquer uma das frases de efeito
lapidadas pelo dirigente nos dois encontros, os conselheiros devem lembrar
dessa promessa, feita para o caso de uma arena com capacidade para 50 mil
pessoas: “R$ 335 milhões é o teto. E eu garanto para vocês que ele vai custar
menos do que isso.”
Comentário do blog
Se essas declarações não são motivo para uma investigação do Ministério Público,é melhor fechar as portas.
5 comentários:
Meu Deus.
Pão e circo no Brasil funcionam muito bem a 8 anos. Por isso que ninguém se mexe.
Estamos fadados ao lodo dessa forma.
estarrecedor.
Olha o naipe dos caras... dizendo que prostituição e drogas são bons negócios... meu Deus, é esse tipo de gente que tá fazendo a Copa no Brasil??? Sinceramente o que era pra ser um orgulho nacional, será nossa maior vergonha. Concordo com o comentário do blog, se não houver uma investigação séria depois dessa, melhor não dizer mais nada sobre o assunto, pq não tem jeito....
E a matéria do biner... ele tem razão.. a transposição dos dutos além de contaminar o solo vai expelir gás nocivo pra quem estiver trabalhando no local... ou seja... coitado do mestre de obras que estiver no empreendimento Cloacão...
Fico imaginando Rosinhaberg numa reunião do Conselho Administrativo do Banco PanAmericano, de onde sumiram R$ 4,5 bilhões. Pobre Silvio Santos, não tinha nenhuma chance.
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